Para facilitar a análise do progresso dos atletas nas modalidades de corrida, ciclismo, natação e caminhada, a Treinus desenvolveu novas métricas de desempenho. Com elas, é possível perceber a evolução do volume de treino ao longo do tempo, e prontamente identificar condições de:
- Overtraining (excesso de treinamento, onde o risco de lesão pode ser mais elevado)
- Subtreinado (onde existe perda de condicionamento)
As novas métricas de desempenho são:
- Fitness: representa o condicionamento físico geral, indicado pelo o esforço usual diário de treino.
- Fadiga: representa estresse temporário causado pelo treino - indicado pelo esforço recente.
- Balance: diferença entre o Fitness e a Fadiga, que pode ser útil para prescrição equilibrada entre treinamento e a recuperação.
- IS: intensidade relativa do treino, em função da capacidade física do atleta.
-
TSI: esforço de cada exercício, onde tanto a intensidade quanto a duração do treino são combinados em um único valor. O TSI pode ser apresentado com estas variações:
TSI Speed: baseado na velocidade, utilizado em treinos de corrida ou natação.
TSI Power: baseado na potência, empregado em treinos de ciclismo com dados do medidor de potência.
TSI HR: baseado na frequência cardíaca, pode ser empregado em qualquer tipo de modalidade.
A métrica mais básica, e também da qual todas as demais são derivadas, é o IS. Por ser ponderado pela capacidade do atleta, treinos de mesma duração e IS, de atletas diferentes demandam esforços similares, independente do nível dos atletas.
Por exemplo, imagina se dois atletas (um é iniciante e outro profissional) realizarem um treino durante uma hora. Ambos atletas fizeram os treinos com IS de 70%. O esforço percebido por cada atleta será aproximadamente o mesmo. Entretanto, o atleta profissional terá percorrido uma distância maior que o iniciante pois este tente a correr num ritmo mais rápido.
Esta capacidade física do atleta é avaliada tendo como base o limiar funcional. Ou seja, a intensidade máxima do treino que o atleta é capaz de sustentar por uma hora. Dessa forma, é imprescindível que os valores de limiar de cada atleta sejam calibrados regularmente.
Veja neste artigo Como definir os valores de limiar do atleta nas métricas de desempenho Fitness-Fadiga.
Em um treino, diversos atributos podem servir como base de cálculo da intensidade. Para corrida e natação, a velocidade é utilizada como padrão para cálculo do IS. Já para o ciclismo, o padrão é a potência. A frequência cardíaca (FC) também pode ser um bom indicador de intensidade, principalmente, em treinos mais longos. A FC é empregada quando o treino não contém os dados de velocidade ou potência.
Veja aqui Como alterar o método de cálculo do TSI.
Compreendendo o significado das métricas
Agora que já percorremos as métricas e suas configurações, como interpretamos os seus valores?
IS: Representa o percentual do limiar executado na atividade. Por exemplo, se um atleta de corrida tem um limiar de velocidade de 10km/h, e executa um treino à velocidade média também de 10km/h, o IS desse treino é 100%.
TSI: Representa o esforço de um treino, onde um TSI de 100 é equivalente a um treino de uma hora executado no limiar funcional do atleta. Por exemplo, se o atleta realizar um treino de ciclismo com IS de 100%, por meia hora, o TSI deste exercício é de, aproximadamente, 50.
Fitness: é equivalente ao TSI que o atleta está acostumado a realizar todos os dias. Esse valor considera o histórico a médio prazo do atleta, principalmente os últimos 42 dias (seis semanas), de forma que é necessário um histórico de treinos de alguns meses para obter resultados mais precisos.
Fadiga: representa o desgaste residual provocado pelos treinos no curto prazo, com ênfase nos últimos 7 dias (uma semana). Por exemplo, treinos diários com 80 de TSI no curto prazo, também deixarão um desgaste 80 de fadiga, porém com reduções nos treinos, esse desgaste se dissipa mais rapidamente.
Balance: ele é a diferença entre Fitness e Fadiga, e representa o quão “descansado” se encontra o atleta. Quanto maior esse valor, mais recuperado o atleta está, porém valores altos por períodos longos indicam subtreinado. Por outro lado, valores negativos indicam ganho de condicionamento, porém, se muito negativos, indicam overtraining.
Zonas para interpretação do balance
Fonte: adaptado de Joe Friel (1)
Zona de risco: esta é uma região em que o atleta não deve permanecer muito tempo. Ela pode gerar uma grande fadiga em função do estresse acumulado do treinamento.
Zona ótima: região desejada porque é onde há o melhor equilíbrio no treinamento, balanceamento entre o ganho de fitness e fadiga.
Zona cinza: período onde o atleta não irá ganhar ou perder condicionamento. Ou seja, ele estará numa área de "platô" no nível do fitness. Não é desejado que o atleta permaneça muito tempo por aqui, se houver uma prova alvo no radar.
Zona de frescor: momento desejado, por exemplo, ao final de um ciclo de preparação para uma prova. É quando o volume de treinamento é reduzido, propositalmente, para deixar o atleta descansado e em forma para a prova alvo. Aqui, o atleta deve sofrer uma queda na fadiga e consequentemente uma perda pequena no fitness.
Zona de transição: esta é uma região de transição, por exemplo, ao final de uma temporada ou um período de pausa indesejado devido a uma lesão. Nesta região, o atleta irá treinar muito pouco ou não terá nenhum treinamento.
O gráfico abaixo, mostra as métricas ao longo do tempo de um bom atleta. Percebe-se que o seu fitness aumenta gradativamente ao longo do tempo, e a fadiga se mantém, na a maior parte do tempo, acima do fitness e os treinos de regeneração ou descanso são percebidos claramente.
O gráfico de desempenho é disponibilizado a partir da planilha de treino do atleta, conforme destaque na imagem.
O acesso ao gráfico também está disponível no APP para que os atletas possam consultar o seu histórico de desempenho.
Referências
1) FRIEL, Joe: Managing Training Using TSB, 2015. Disponível em: https://joefrieltraining.com/managing-training-using-tsb/. Acesso em 20 de jan. de 2024.
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